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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

ITABAIANA



Filha do mestre Zé Leiteiro recebe Prêmio Leonilla Almeida pela preservação da cultura tradicional

Zé Leiteiro
Maria do Carmo é filha do mestre Zé Leiteiro, brincante da tribo Filhos de Tubinambá, caboclinho que sai no carnaval de Itabaiana, Paraíba, há 56 anos. Com a morte do cacique Zé Leiteiro, sua filha assumiu a tarefa de manter o caboclinho. “É uma prova de amor à cultura e à preservação de uma arte que não deve morrer, mesmo sem o reconhecimento do Estado”, disse Edglês Gongalves, arte-educador na cidade”. Dona Do Carmo, como é mais conhecida, tem um filho, José Jackson, que também faz parte do caboclinho, tocando a flauta que pertenceu ao avô, Zé Leiteiro. “Essa flauta passou pelo seu tio, depois do avô, e agora ele tem orgulho de dar continuidade à tradição da família”, disse Do Carmo, que teme o fim do carnaval tradição em sua cidade. “Antes, o carnaval era organizado e tínhamos incentivo, mas agora, além da falta de apoio, ainda temos que enfrentar a falta de ordem no percurso do carnaval de Itabaiana”, lamenta.

Todos os anos a tribo indígena ensaia na sala da casa de dona Do Carmo, reunindo amigos, familiares e vizinhos. “Botar o caboclinho na rua é como se meu pai estivesse aqui com a gente, é uma forma de preservar sua memória”, disse ela. Para homenagear a folclorista Do Carmo, a Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba concedeu o Prêmio Leonilla Almeida, que será entregue em 14 de março próximo.

José Luiz da Silva, o Zé Leiteiro, foi um dos maiores mestres de caboclinhos de Itabaiana, juntamente com Josa dos Índios Assombrados da Floresta, Mocó e Agostinho.  

Originários da cultura indígena, os caboclinhos expressam o sentimento nativista, com coreografias marcadas pelo estalo dos arco-e-flechas. É nas religiões Jurema e Catimbó que atuam os principais mestres e caboclos. Alguns grupos se distanciaram dessas linhas e se aproximaram de religiões afro-brasileiras, ligadas a terreiros de Xangô e Umbanda. Dos grandes mestres de caboclinhos de Itabaiana, apenas Josa dos Assombrados ainda vive. Morreram já há algum tempo o mestre Mocó e o mestre Zé Leiteiro, este último chefe de terreiro de Umbanda que também é preservado pelos familiares. Atualmente, o caboclinho “Tupinambás” é mestrado pelo neto Jackson, comandante da tribo.

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