Dema Azevedo (à direita) com Nilvan Ferreira, ambos do MDB
Ao menos três postulantes ao cargo de prefeito de Itabaiana, no agreste
da Paraíba, procuram se credenciar como representantes da direita que consagrou
o Presidente Bolsonaro. Eles sonham repetir o fenômeno da eleição de um
deputado do baixo clero a Presidente da República nas eleições de 2018. O
Presidente Bolsonaro está sem partido e não pretende se envolver nas eleições
municipais deste ano, mas muitos candidatos tentam herdar seus votos e se
apresentam como legítimos representantes do bolsonarismo.
Em Itabaiana, o MDB apresenta o nome do empresário Dema Azevedo, com
discurso liberal conservador próximo ao ideário bolsonarista, como ele mesmo
afirma. Para se firmar como candidato, Dema assumiu a liderança do MDB com
apoio do cacique senador José Maranhão, o qual também está afinadíssimo com o
Presidente. Para consolidar sua marca de político da direita de Bolsonaro, Dema
postou fotos com o comunicador Nilvan Ferreira, pré-candidato a prefeito da
capital João Pessoa pelo MDB, o nome mais conhecido da base de Bolsonaro na
Paraíba.
Expurgado do MDB de Itabaiana, o ex-prefeito Antonio Carlos Júnior tem
problemas na Justiça e está impossibilitado de disputar a eleição. Ele
apresenta seu pai, Toinho Rodrigues, como candidato pelo antigo partido de Jair
Bolsonaro, o PSL, tentando obter os votos dos emedebistas itabaianenses e dos
bolsonaristas. Só que Toinho Rodrigues não esperava que Bolsonaro fosse sair do
PSL e agora está depreciando a sigla. Na semana passada, ele confidenciou a
parlamentares aliados:
--- Não votem em ninguém da esquerda, nem do PSL.
Filiado ao PROS, Partido Republicano da Ordem Social, o pré-candidato
José Sinval Neto votou em Bolsonaro e seu partido faz parte do “Centrão”, grupo
de legendas que dão sustentação ao Presidente Bolsonaro. Sinval também enfrenta
problemas com a chamada Lei da Ficha Limpa, que estabelece condições de
inelegibilidade.
Na verdade, o Presidente Jair Bolsonaro não quer se envolver nas
disputas municipais para não causar racha na aliança nacional, tampouco ser
responsabilizado diante de eventual fracasso dos seus apoiadores. Por trás da
estratégia do Presidente, há também uma tentativa de Bolsonaro se distanciar
das urnas para evitar ser julgado por sua postura no enfrentamento da pandemia,
cujos efeitos eleitorais certamente terão peso.
Na cidade de Itabaiana, o MDB não tem nenhum histórico de vinculação
ideológica com a direita, mas neste ano de 2020 poderá ser beneficiado por um
apoio, ainda que distante e modesto, do Presidente Bolsonaro. O MDB de
Itabaiana lutou contra a ditadura e no passado ofereceu líderes de centro
esquerda populistas como José Silveira, Hugo Saraiva, José Pedro, Edmilson
Batista e Arnaud Costa. Na cidade, o comentário é que o MDB atualmente ainda é
um bom partido, mas o candidato é ruim. De urna.