A professora do ensino médio Nathallye Galvão
(foto), do Colégio Nossa Senhora da Conceição em Itabaiana, pretende utilizar a
literatura de cordel como fonte de incentivo ao ensino da literatura. Para ela,
o gênero cordel pode ser uma ótima chance do aluno ter contato com a riqueza
expressiva dos folhetos, “articulando várias linguagens: verbal oral
(declamação), verbal escrita, musical e visual, em relação aos diversificados
temas que o cordel aborda”.
A professora já escolheu as primeiras
produções que serão estudadas pelos alunos, que são os folhetos do poeta Fábio
Mozart. “Li uns folheto de Mozart e achei muito interessante”, afirmou ela,
destacando “Biu Pacatuba, um herói do povo paraibano” e “O dia em que Jackson
do Pandeiro matou dois soldados, quatro cabo e um sargento”. Para Nathallye, “o
que falta é o reconhecimento e a valorização dessa literatura tão nossa”. Ao
propor esse trabalho, a professora acha que estará oferecendo aos alunos muitos
recursos que ajudarão na aprendizagem, como produção textual, leitura, escrita,
linguagem não verbal (análise das xilogravuras), apreciação artístico-literária
e socialização e cidadania. Os folhetos de Fábio Mozart têm capa com
xilogravuras de Josafá de Orós e Marcelo Soares, dois dos maiores gravuristas
da Paraíba.
VETADO PELA CÂMARA – Há alguns anos, projeto
de lei apresentado à Câmara de Itabaiana foi rejeitado pelos vereadores. O
projeto inseria na rede pública municipal o folheto “História de Itabaiana em
versos”, de Fábio Mozart, como instrumento didático.
Em
2013, o autor teve seu folheto “Mari, Araçá e outras árvores do Paraíso”
inserido na grade curricular da rede pública de ensino em Mari, brejo
paraibano. O autor do projeto, Vereador Gugu Xavier, explicou que a literatura de cordel é um
veículo de fabuloso fomento à identidade regional, tendo nas camadas populares
seus mais constantes e fiéis consumidores, sendo através dos tempos valorizada
e cultuada como a verdadeira e autêntica literatura nordestina, o livro de
bolso do povo da região. “O estudo de nossa história através do cordel “Mari,
Araçá e outras árvores do paraíso” vem recuperar nossa identidade,
com ótimo resultado na auto estima do aluno que entrará em contato com o gênero
mais identificador de nossa cultura, ao mesmo tempo em que aprenderá sobre os
fatos marcantes da história de Mari e seus filhos ilustres”, diz Gugu no
documento.
O
vereador é filho do poeta repentista José Xavier Gonçalves, que teve como
parceiros artistas do nível de Manoel Xudu e José Laurentino. “Como filho de
poeta, reconheço o valor da obra de Fábio Mozart e sua importância para o
estudo da história de minha terra”, disse ele. “Ter o cordel nas escolas pode
representar um passo extremamente valioso para o devido reconhecimento e
resgate desse tipo de literatura e dar à nova geração a oportunidade de
apreciar a riqueza e expressividade da nossa cultura”, finalizou Gugu Xavier.
PROJETO
NA ASSEMBLEIA - Projeto de Lei que tramita na Assembleia Legislativa prevê a
leitura de cordel nas escolas públicas e privadas de toda a Paraíba. A matéria,
de autoria da deputada estadual Pollyana Dutra (PSB), institui um programa de
fomento a esse tipo de literatura na rede de ensino.
De acordo
com o texto, a Paraíba tem papel fundamental no fomento da temática por ser
‘berço de nascimento’ de produtores, artistas e autores cordelistas.
Ainda
segundo o projeto, a poesia popular em verso deve ser objeto de preservação e
promoção por parte dos poderes públicos, da sociedade civil e dos cidadãos em
geral.
“O melhor
local para a contribuição do conhecimento da literatura de cordel, sem dúvidas,
é a escola. Esta fundamental no processo de civilização de um país tem o papel
constitucional e relevante de formar cidadãos para o futuro. Nada melhor que
durante esse processo a boa e significativa cultura seja preservada e promovida
entre as gerações”, diz o documento.