O professor Flaviano Batista Ferreira apresentou em 21 de setembro na Universidade Federal da Paraíba sua dissertação de mestrado intitulada “Enrolando-se nas Ruas do Carretel e da Manichula: espaços de vida boêmia e prostituição na cidade de Itabaiana-PB (1950-1980)”. Para ele, muitas pessoas criticam ou tentam ignorar o passado de prostituição de Itabaiana, mas é inegável a contribuição desses espaços para a cultura e economia da cidade”, afirma o professor. “Minha dissertação tira a penumbra do esquecimento das histórias de homens e mulheres que tiveram suas vidas marcadas na zona boêmia, espaços destinados a prazeres masculinos, onde funcionavam cassinos, bares e pensões no chamado ‘baixo meretrício’”, pontuou Flaviano.
Mesmo que não se trate de uma atividade ilegal, a prostituição ainda sofre com a equiparação ao tráfico de pessoas e a exploração sexual, de acordo com a legislação do Código Penal, condição que favorece os silenciamentos dessas vozes e desses corpos, conforme abordou Nataly Pereira, em sua dissertação sobre prostitutas de Campina Grande.
O trabalho de Flaviano Batista cita mulheres que exerceram atividades
prostitucionais nos velhos cabarés de Itabaiana e marcaram época, além de
episódios e demais facetas sociais, políticas e culturais dos cabarés de Itabaiana
em sua época de ouro. Nesse sentido, foram
entrevistados alguns itabaianenses daquela geração, a exemplo do poeta Sander
Lee, o boêmio e esportista Valdo Enxuto, o itabaianense Orlando Araújo e o jornalista
Fábio Mozart, entre outros. “Através dos livros, textos e entrevistas com Fábio
Mozart, por exemplo, foi possível construir uma narrativa representativa até da
poética e do folclore daquele passado”, afirmou Flaviano. A dissertação dele
sobre estigmas e preconceitos e como isso foi vivenciado em Itabaiana boêmia
dos anos 50 a 80 deverá ser publicada em livro brevemente.
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