O empresário de comunicação
Antonio Andrade e Sarah Wylicar, diretores da estação de rádio comunitária em
Itabaiana, estão anunciando festa para comemorar os cinco anos da Rádio Comunitária
Rainha, no próximo dia 31 de agosto a partir
das 20 horas, ao lado da Policlínica, antiga Casa da Mãe Pobre.
A cidade tem uma história
antiga em relação a essas emissoras de baixa potência que funcionam sob controle
da sociedade. Em 1972, quando nem se falava em rádio comunitária, Berto da
União e Manoel Leite de Melo, o popular Neco Frizo, ousaram botar no ar a Rádio
União, uma comunitária que começou funcionando no prédio da União de Artistas e
Operários e depois se mudou para o campo do Náutico. Era uma emissora de
amplitude modulada, com potência de uns 100 watts no velho transmissor caseiro
de válvulas, o famoso “rabo quente”.
Antes, em 1967, foi inaugurada
a Rádio Vitória, invenção de Monteiro, com apoio dos locutores Carlinhos
Veloso, Cardoso e Getúlio Antunes. O professor e historiador Israel Elídio de
Carvalho Filho lembra até da grade de programação da Rádio Vitória: noticiário
pela manhã e à tarde; dezesseis horas, forró pé-de-serra, depois a resenha
esportiva “Bola na Rede”, encerrando com o programa “Seresteiros da noite”, às
20 horas, com apresentações ao vivo dos cantores Solon Almeida e Adones Gomes
de França, que depois enveredou pelos caminhos empresariais do jogo do bicho,
tornando-se um magnata desse negócio que mistura reino animal com loteria.
Mas a pioneira mesmo foi a
Rádio Clube de Itabaiana, emissora que funcionou nos anos 50 na Avenida José
Silveira. Seu mentor foi um misto de policial e artista plástico, Raul Geraldo
de Oliveira, coronel da Polícia Militar, depois professor e dono de colégio.
Naquela época, Itabaiana refletia a cultura pernambucana. A Rádio Clube de
Itabaiana seguia a linha da sua congênere, pelo menos no desenho da grade de
programação, a famosa e também pioneira Rádio Clube de Pernambuco, única emissora
sintonizada pelos itabaianenses naquelas remotas eras.
A equipe da Rádio Clube de
Itabaiana contava com Wellington Veloso, Ismar, Iolanda e Luluta, que animavam
os programas de auditório com quadros de humor e números de calouros. Pessoas
que, por assim dizer, eram 80% fantasia. Caprichos da vontade, sem base alguma
em realidade concreta, porque montar e operar uma rádio naqueles tempos fugia
totalmente ao controle da razão, e só elementos guiados pela paixão e pelo
gosto desmedido seriam capazes de fazer funcionar um empreendimento desse tipo.
Teve vida breve a Rádio Clube
de Itabaiana, semelhante às sucessoras Rádio Difusora Nazaré, do Ivo Severo, e
Rádio Comunitária Vale do Paraíba, que funcionou apenas no período de um dia,
sendo fechada pela Polícia Federal. A Vale do Paraíba foi a mais efêmera das
emissoras itabaianenses. Antes, um grupo de Pernambuco instalou a Rádio Itabaiana,
também lacrada pela Agência Nacional de Telecomunicações.
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