Proprietário de
imóvel tombado pode pagar multa por demolir patrimônio histórico
Demolição de casa em sítio histórico na Rua Treze de Maio |
O
proprietário da casa onde funcionou uma boate na Rua Treze de Maio, em
Itabaiana, prédio considerado patrimônio histórico da cidade através do
Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Itabaiana, instituído
pela Lei 679/2014, poderá pagar multa de 50% do valor de mercado do imóvel, que
será revertido para o fundo do patrimônio histórico, tendo ainda a obrigação de
refazer a fachada do prédio demolido. Mesmo notificado pela Secretaria de
Cultura do Município, o proprietário resolveu demolir o prédio. “O Secretário
Luciano Marinho foi pessoalmente falar com o senhor Brás, dono do casarão,
tendo o mesmo ligado para seu advogado e ordenado a paralização da demolição,
mas, na calada da noite, terminou o serviço”, disse Renaly Oliveira, do Núcleo
de Patrimônio Histórico e Artístico do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.
O prédio
da pensão de “Nevinha Rica” é um bem tombado pelo Município, situado na antiga
zona boêmia de Itabaiana com suas casas centenárias que já abrigaram a vida
social e cultural da cidade por muitos anos, do começo do século vinte até os
anos 60/70, paralelamente com a famosa feira de gado que floresceu no Município
e que desenvolveu economicamente a região.
MAPEAMENTO
Uma
comissão está mapeando os sítios históricos da cidade, com orientação do
arquiteto Hélio Costa Lima, da UFPB, para que os executores das políticas
urbanas no Município possam lidar com o patrimônio histórico e artístico
itabaianense, tendo em vista projeto de preservação e recuperação
principalmente dos prédios que tenham valor histórico. “Nossa missão é mapear e
localizar as edificações que são consideradas unidades dentro dos sítios
históricos urbanos, a exemplo da Praça Manoel Joaquim de Carvalho e seu coreto
já tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba, mas
que, infelizmente, tiveram suas características arquitetônicas modificadas com
a desfiguração de várias casas e a construção da rodoviária, sendo que a legislação
não permite qualquer mudança em torno de cem metros do bem tombado”, explica
Renaly.
Para Fred
Borges, do grupo do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, é necessário que a
população tome consciência da importância de se preservar as feições urbanas, e
que os proprietários possam discutir com as autoridades do setor a melhor forma
de destinação e restauração dos imóveis dessas áreas, sem necessidade de
conflitos. “Atualmente, bens históricos estão sendo vistos como um setor
econômico dos mais dinâmicos, com perspectivas promissoras principalmente para
o turismo, porque é cada vez crescente o desejo das pessoas em conhecer lugares
e culturas antigas. Nossa diversidade cultural, representada também pelos bens
históricos, é um fator econômico que poderá atender às expectativas do mercado,
por isso é muito mais vantajoso para o proprietário de imóveis antigos a sua
preservação do que a demolição pura e simples”, argumenta Fred. O grupo é
formado ainda por Edglês Gonçalves, Fred Borges, Renaly Oliveira, Adilson
Adalberto, Rosival Silva e dois historiadores que estão engajados no projeto,
os professores Chintia Cecília e Flaviano.
Com a
indicação de Itabaiana para ser uma das oito cidades paraibanas a receber a
tocha olímpica no próximo ano, as autoridades públicas estão se voltando para
melhorar a infraestrutura local, com ações embelezadoras e de preservação
arquitetônica.
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