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domingo, 20 de janeiro de 2013

Diretor de Cultura de Mari defende valorização do brega popularesco


Assis Firmino entrevistado no programa "Alô comunidade", Rádio Tabajara da Paraíba

O Diretor de Cultura de Mari, Assis Firmino, afirmou que uma de suas metas será a criação do “palco do brega”, uma espécie de mostra permanente de música brega na cidade. “Sou bregueiro assumido e brega é cultura”, disse Firmino. A declaração foi feita sábado (19), durante entrevista no programa Alô Comunidade, da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares, transmitido pela Rádio Tabajara da Paraíba.

Firmino acusou ainda o seu antecessor na Diretoria de Cultura da cidade de ter sucateado a Banda Marcial Gil Camilo. “Encontrei instrumentos quebrados e um quadro de abandono”, disse ele, garantindo que o prefeito eleito, Marcos Martins, “dará respostas às demandas da população”.  Assis Firmino lançou um desafio: “daqui a seis meses vou voltar a este programa como Secretário de Cultura, porque tenho certeza de que o prefeito Marcos criará esta secretaria”. Assis informou ainda que está realizando mapeamento de todos os artistas da cidade, num esforço para resgatar a autoestima dos produtores culturais e “recuperar o tempo perdido”.

O Diretor de Cultura de Mari é um rapaz de poucas letras, mas atuante como porta-voz de grupos políticos nas emissoras de rádio da região. “Marcos me ofereceu a assessoria de comunicação, mas eu preferi a Cultura porque quero fazer uma revolução cultural em Mari”, afirmou. No Brasil, a exigência de boa formação cultural para os líderes políticos não é tão implacável, haja vista o ex-presidente Lula, sem quase nenhuma formação escolar, detentor de dois mandatos consecutivos. Na Câmara Federal temos deputados como o humorista Tiririca, sem educação formal. Portanto, um diretor de cultura que não frequentou muito a escola não é coisa de se admirar.

CRÍTICAS

O gosto pessoal do diretor Assis Firmino pela música brega, projeto que será marca de sua gestão na Diretoria de Cultura de Mari, como afirmou na entrevista, acarretou controvérsias. Para o ouvinte João de Deus, uma diretoria de cultura de uma cidade deveria promover a diversidade musical, e não priorizar determinado estilo de música “só porque é a preferência pessoal do gestor público”.

O crítico musical Alexandre Figueiredo garante que os defensores do brega-popularesco podem ser apolíticos, como os próprios artistas “mas a música brega e todos os seus derivados têm uma base de apoio que corresponde à estrutura política e econômica dominante. Sem ela, o brega não teria sentido, não teria feito sucesso e, sem sucesso, não teria qualquer desculpa para políticos defenderem os cafonas”. Para Figueiredo, “como música estritamente mercantilista - comercial, com todas as letras, a música brega-popularesca quer ampliar mercados e demandas, atropelando a cultura brasileira de qualidade”. Na Paraíba, é conhecido o ex-prefeito de Areia, agora deputado Tião Gomes, famoso por promover festivais de cachaça e música brega em sua cidade, uma das mais antigas do Estado.

“A música brega-popularesca tornou-se uma grande indústria, que enriquece empresários, fazendeiros, políticos. A grande mídia cria um discurso que vende o universo brega como se fosse ‘cultura dos excluídos’, para não assustar a freguesia e para ver se dá para expandir mercados. Nada de arte, nada de cultura, nada de ‘injustiçados’ querendo espaço. A cafonice é patrimônio dos donos do poder”, afirmou Alexandre Figueiredo.

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