Desde ontem, 12 de
fevereiro, circula na internet uma petição de iniciativa popular que deverá ser
apresentada na Câmara local, pedindo que a próxima legislatura a ser eleita
neste ano estabeleça em dois salários mínimos o teto dos subsídios dos
vereadores e dez salários mínimos para prefeito, o que corresponde atualmente a
R$ 8.800. A proposta estabelece ainda que a Câmara só poderá discutir e votar
aumento dos seus subsídios após consulta e aprovação prévia da população da
cidade.
Para Renaly Oliveira,
uma das organizadoras da proposta popular, o objetivo da medida é “moralizar a
função de ocupantes de cargos eletivos, evitando que esses cargos sejam disputados
por aventureiros ‘na busca por dinheiro fácil’, e sim por cidadãos que desejam
realmente contribuir com a melhoria e a mudança para melhoria do município de
Itabaiana”. Para ela, é perfeitamente
viável que vereadores ocupem esse cargo e não abandonem suas profissões e
negócios.
Antes, vereador era um cargo honroso para o cidadão e a atividade não
era remunerada. "Não se gastava
tanto dinheiro para se eleger, acreditávamos nas pessoas, o voto era dado em
confiança. Era tudo bem diferente. Um fato comum, inclusive, era recebermos
presentes da população depois de eleitos", lembra Arnaud Costa, antigo
político local, hoje com 86 anos de idade. Para
ele, os políticos atuavam por vocação. “Não existia esse comércio de hoje com o
voto popular, onde tem vereador que gasta até meio milhão de reais para se
eleger”, acrescentou.
O professor municipal Luiz Antonio Silva acha que a
reivindicação é justa.
“Queríamos nós, professores, ganhar esse teto que está
sendo proposto para os vereadores”, disse ele. O ex-vereador Antonio Costta considera que, mesmo com redução de salários, candidatos continuarão gastando muito
dinheiro para se eleger. “Há outras formas de serem gratificados e assim
compensar o investimento, como empregos na Prefeitura, propinas e venda de votos
para candidatos a deputado”, citou. “O
que tem que mudar mesmo é a consciência do povo para não eleger mercenários da
política”, comentou Costta.
A vereadora Rosane Almeida (PSB) considera a proposta “uma
utopia”. Para ela, tudo passa pela ética de quem exerce o cargo. “Por exemplo,
os vereadores atuais de Itabaiana, mesmo ganhando bem, aceitaram aprovar mais
de um milhão dos cofres públicos para ‘manter’ a casa do prefeito, um roubo
descarado e legalizado pelos que dizem amém a essa gestão medíocre”, denunciou
Rosane. Para ela, existe a forte possibilidade de que a próxima legislatura
seja tão ou mais subserviente do que a atual, em sua maioria.
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