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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Líderes camponeses disputam eleição pela primeira vez na região de Itabaiana

João Muniz com seu livro de poemas

João Muniz, poeta e líder dos trabalhadores sem terra em Itabaiana, e Danielly Gomes, do sítio Jacaré, zona rural de Pilar, disputam pela primeira vez o cargo de vereador em seus respectivos municípios. Natural de Itabaiana, João Muniz ficou conhecido pela militância de classe e pela veia poética. Ele é autor do livro Imagens da Resistência – Resistir para Existir, lançado na Itália, obra que revela uma realidade pouco conhecida no Brasil e no mundo: o Brasil dos camponeses e camponesas que lutam por suas terras e territórios, resistem e teimam em existir. O poeta nasceu na cidade de Itabaiana (PB), no povoado camponês Mendonça dos Moreiras, vizinho à antiga Fazenda Tanques, que hoje é o assentamento Almir Muniz, onde vive atualmente. Essa região foi marcada historicamente por duas culturas: a da poesia popular, radical em sua clareza; e a do latifúndio da cana de açúcar, violento por natureza. 
Danielly Gomes
Danielly Gomes é outra líder rural que está entrando para o mundo da política partidária, pelo Partido Socialista Brasileiro. Ela tem forte ligação com a vida do campo, e é uma das lideranças da região na luta por melhores condições de vida para aquelas populações. “Fui criada em um rancho de roçado, tomando caldo de feijão na mamadeira no lugar de leite, enquanto minha avó limpava o roçado”, lembra Danielly. Ela faz questão de explicar que quer ser vereadora para ter mais condições de ter voz ativa nas fontes de poder, e influenciar na busca de melhorias para as comunidades que representa. “Cansamos de falsos líderes que só pensam em si e vivem de esquemas políticos viciados”, explica Danielly, que tem no Governador Ricardo Coutinho um exemplo de homem público. “Ele é um político que a gente tem que se espelhar, porque dá exemplo de honestidade e trabalho”, disse.
A história de João Muniz tem lances de batalha, na luta pela terra. Desde a infância, junto com centenas de famílias camponesas, João vivenciou a luta pela terra e o enfrentamento ao monocultivo da cana de açúcar no estado. O assentamento onde vive foi conquistado a partir da organização e persistência das  famílias de trabalhadores rurais que nele trabalham. A área leva o nome de seu primo, Almir Muniz, assassinado a mando dos usineiros da região. João Muniz conta que desde criança aprendeu a resistir através da poesia, acompanhando o pai e o tio, poetas, nas feiras e festivais de várias cidades na região. Através das poesias apresentadas no livro, João Muniz conta a história de resistência de centenas de comunidades camponesas contra o latifúndio, seus valores e sua cultura. 

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