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segunda-feira, 4 de março de 2019

Professora de Itabaiana quer trabalhar literatura de cordel com alunos de escola confessional


A professora do ensino médio Nathallye Galvão (foto), do Colégio Nossa Senhora da Conceição em Itabaiana, pretende utilizar a literatura de cordel como fonte de incentivo ao ensino da literatura. Para ela, o gênero cordel pode ser uma ótima chance do aluno ter contato com a riqueza expressiva dos folhetos, “articulando várias linguagens: verbal oral (declamação), verbal escrita, musical e visual, em relação aos diversificados temas que o cordel aborda”.

A professora já escolheu as primeiras produções que serão estudadas pelos alunos, que são os folhetos do poeta Fábio Mozart. “Li uns folheto de Mozart e achei muito interessante”, afirmou ela, destacando “Biu Pacatuba, um herói do povo paraibano” e “O dia em que Jackson do Pandeiro matou dois soldados, quatro cabo e um sargento”. Para Nathallye, “o que falta é o reconhecimento e a valorização dessa literatura tão nossa”. Ao propor esse trabalho, a professora acha que estará oferecendo aos alunos muitos recursos que ajudarão na aprendizagem, como produção textual, leitura, escrita, linguagem não verbal (análise das xilogravuras), apreciação artístico-literária e socialização e cidadania. Os folhetos de Fábio Mozart têm capa com xilogravuras de Josafá de Orós e Marcelo Soares, dois dos maiores gravuristas da Paraíba.

VETADO PELA CÂMARA – Há alguns anos, projeto de lei apresentado à Câmara de Itabaiana foi rejeitado pelos vereadores. O projeto inseria na rede pública municipal o folheto “História de Itabaiana em versos”, de Fábio Mozart, como instrumento didático.

Em 2013, o autor teve seu folheto “Mari, Araçá e outras árvores do Paraíso” inserido na grade curricular da rede pública de ensino em Mari, brejo paraibano. O autor do projeto, Vereador Gugu Xavier, explicou que a literatura de cordel é um veículo de fabuloso fomento à identidade regional, tendo nas camadas populares seus mais constantes e fiéis consumidores, sendo através dos tempos valorizada e cultuada como a verdadeira e autêntica literatura nordestina, o livro de bolso do povo da região. “O estudo de nossa história através do cordel “Mari, Araçá e outras árvores do paraíso”  vem recuperar nossa identidade, com ótimo resultado na auto estima do aluno que entrará em contato com o gênero mais identificador de nossa cultura, ao mesmo tempo em que aprenderá sobre os fatos marcantes da história de Mari e seus filhos ilustres”, diz Gugu no documento.

O vereador é filho do poeta repentista José Xavier Gonçalves, que teve como parceiros artistas do nível de Manoel Xudu e José Laurentino. “Como filho de poeta, reconheço o valor da obra de Fábio Mozart e sua importância para o estudo da história de minha terra”, disse ele. “Ter o cordel nas escolas pode representar um passo extremamente valioso para o devido reconhecimento e resgate desse tipo de literatura e dar à nova geração a oportunidade de apreciar a riqueza e expressividade da nossa cultura”, finalizou Gugu Xavier.

PROJETO NA ASSEMBLEIA - Projeto de Lei que tramita na Assembleia Legislativa prevê a leitura de cordel nas escolas públicas e privadas de toda a Paraíba. A matéria, de autoria da deputada estadual Pollyana Dutra (PSB), institui um programa de fomento a esse tipo de literatura na rede de ensino.
De acordo com o texto, a Paraíba tem papel fundamental no fomento da temática por ser ‘berço de nascimento’ de produtores, artistas e autores cordelistas.
Ainda segundo o projeto, a poesia popular em verso deve ser objeto de preservação e promoção por parte dos poderes públicos, da sociedade civil e dos cidadãos em geral.
“O melhor local para a contribuição do conhecimento da literatura de cordel, sem dúvidas, é a escola. Esta fundamental no processo de civilização de um país tem o papel constitucional e relevante de formar cidadãos para o futuro. Nada melhor que durante esse processo a boa e significativa cultura seja preservada e promovida entre as gerações”, diz o documento.


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