Em fins do século XIX no município de Itabaiana, na
região da caatinga litorânea do Estado, por volta do ano de 1899, por ocasião
da abertura de alicerces para construção de casas residenciais na localidade de
Alto dos Currais, foram encontrados diversos potes de barro contendo ossadas
humanas. No entanto, no período não se deu importância ao achado. Vinte anos
após, os pesquisadores do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano foram até
o município e constataram tratar-se de um cemitério pré-histórico. Uma segunda
equipe do IHGP voltou no ano seguinte, 1911, formada por João Carneiro
Monteiro, Isaac Leitão Pinto, Heráclito Cavalcanti e Edmundo Coelho Alverga
para realizar estudos no cemitério. O cemitério encontrava-se em um pequeno
monte próximo à margem direita do rio Paraíba, onde eram abundantes os
fragmentos de cerâmica de paredes grossas e davam a impressão de uma certa
disposição em semi-círculo.
A escavação realizada pela equipe revelou que o
cemitério abrangia 10m2 da porção norte da elevação e, nela, havia inúmeras
urnas funerárias cujo interior continham esqueletos humanos que se desfaziam em
pó durante a exumação, segundo o relatório dos pesquisadores tratava-se de
restos mortais de indígenas da nação Tupi.
Pelas descrições da cerâmica fúnebre de Itabaiana,
consideradas de paredes grossas, sem decoração e apresentando chãos de cacos,
pode-se deduzir filiação à cultura da tradição Aratu, com modificações
regionais, e pode estar relacionadas com os achados da Pedra do Caboclo, em Bom
Jardim-PE, escavado pelo arqueólogo francês Armand Laroche na década de 1970 e
pelas sepulturas exumadas pelo pesquisador Leon Clerot na Serra da Margarida em
1948, no atual município paraibano de Salgado de São Félix.
A União - 27/03/2019
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