Apresentações artísticas na festa da Pedra |
Na próxima quarta-feira, dia 15, as cidades de Caiçara, Tacima e
Logradouro celebrarão juntas os cem anos da tradição em torno da Pedra Pão de
Açúcar. O rochedo, de 108 metros de altura, localiza-se no território de Tacima/PB,
mas, devido à proximidade, a tradição desenvolveu-se nas cidades de Caiçara e
Logradouro (a pedra fica a 4km de Caiçara). No começo da manhã, uma procissão
dedicada à Nossa. Sra. da Boa Morte ou Nossa. Senhora da Assunção, santa do
dia, parte da matriz de Caiçara até a base da rocha. No local é celebrada uma
missa em um palco. Em seguida, apresentações culturais e shows se revezam
durante todo o dia. É montada uma grande estrutura com barracas, banheiros
químicos, etc. É organizada também uma cavalgada partindo da zona rural de
Tacima, até a pedra. As pessoas passam a maior parte do tempo escalando a
pedra, por devoção ou por diversão, no alto existe um cruzeiro, que simboliza
as origens dessa devoção.
Para marcar a data o pesquisador Jocelino Tomaz de Lima, com apoio das
prefeituras envolvidas, lançara o livreto “Festa da Pedra, Cem Anos de Fé,
Tradição e Turismo”, sobre as curiosas histórias em torno dessa rocha.
O cangaço está presente no princípio da tradição. “Manoel Sertanejo”,
que fez uma promessa que deu origem a devoção, era primo do famoso cangaceiro
Antonio Silvino e provavelmente estava no bando quando invadiram Caiçara em
1912, episódio detalhado no livro. A promessa do ex-cangaceiro no dia de Nossa
Senhora da Boa Morte, de colocar um cruzeiro no topo da pedra e seguir uma
interessante devoção, é revelada em detalhes na obra. A curiosa história da
queda de duas moças que era uma das versões para o início da tradição.
Além disso, traz a evolução história da festa, com tempos glória e
outros de quase abandono, quando a beata Regina André teve importante papel. A
retomada em 2006, com implementações das prefeituras de Caiçara e Logradouro e
o notável crescimento a partir de 2013 devido a uma forte parceria entre
Caiçara e Tacima.
Outro destaque da obra são as lendas em torno do rochedo. Fala-se de um
“reino encantado” dentro da pedra. Histórias de caçadores que viram a pedra se
abrir e contemplaram riquezas do seu interior; de aparições de uma bela mulher,
a “princesa da pedra”; de “olhos” se abrindo na rocha; de sons estranhos
emanando do rochedo, e muito mais.
As relações históricas e místicas com a “Pedra Massalina”, localizada no
município de Belém, e também com a famosa “Pedra do Reino”, referenciada pelo
escritor Ariano Suassuna. A impressão que a pedra causou no famoso escritor
Mario de Andrade, e a fascinação do renomado artista plástico paraibano Hermano
José pelo rochedo.
A obra ainda contém fotos, a geografia em torno da rocha, a história e a
teologia do culto à Nossa Senhora da Assunção, trata de pinturas rupestres,
poesias, entre elas a íntegra do cordel “A Fantástica História da Festa da
Pedra em Versos”, de Bartolomeu Xavier.
O autor espera também chamar a atenção para o potencial turístico do
“Parque da Pedra Pão de Açúcar”, abrangendo, além da pedra principal, o
“Serrote da Pedra” e o “Serrote do Escuta”, todos próximos. Ótimas opções para
trilhas ecológicas, paisagismo, escalada, rapel, lazer, etc. Como diz Jocelino,
“A festa é quinze de agosto, mas a pedra é o ano inteiro”.
Jocelino Tomaz preside a ONG “Grupo Atitude”, que
há treze anos promove a leitura e a cultura em Caiçara.
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