Coluna de Fábio Mozart é vetada em grupo de WhatsApp
Por Editorial – Um episódio envolvendo a tradicional coluna
“Tijolinhos do Mozart”, do escritor e jornalista Fábio Mozart, reacendeu o
debate sobre liberdade de expressão e diversidade de linguagem nos meios
culturais. Membro da Academia Sapeense de Letras e Artes (ASLA), Mozart foi
surpreendido com uma restrição imposta à sua participação no grupo de WhatsApp
da entidade, onde costumava divulgar seus textos diários de forma informal,
bem-humorada e crítica.
Segundo o próprio autor, a presidente da
ASLA, Ana Maria Almeida, pediu que os textos deixassem de ser compartilhados no
grupo da instituição, sob a justificativa de que “o grupo tem como objetivo
divulgar o que é relevante na área da literatura e cultura”, insinuando que a
coluna não se enquadraria nesses critérios. A decisão, embora não tenha caráter
institucional formal, gerou incômodo entre associados, levantando
questionamentos sobre os limites da curadoria editorial em espaços coletivos e
sobre o respeito à pluralidade de estilos literários.
Mozart, que também é autor do livro “Biu
Pacatuba, um herói do nosso tempo”, lançado em maio de 2013 na Câmara de
Vereadores de Sapé, destacou que se sentiu cerceado em seu direito de
compartilhar conteúdo com caráter informativo e cultural. “Trata-se de
restrições à liberdade de expressão, no meu humilde ponto de vista”, afirmou,
ressaltando que seus textos não ferem princípios morais e buscam apenas
dialogar com o público através de uma linguagem acessível e espirituosa.
Apesar da crítica por parte da presidência da
ASLA, a coluna continua recebendo apoio e reconhecimento de outros membros da
comunidade literária. A escritora Adriana, também sócia da Academia,
manifestou-se no próprio grupo, elogiando a proposta da coluna: “Essa
formatação de apresentação de fatos diversos, com humor, inteligência, dinâmica,
que prende a atenção pela importância das informações é fantástica. Parabéns ao
TIJOLINHOS DO MOZART.”
Atualmente, os “Tijolinhos” seguem sendo
publicados regularmente no blog Toca do Leão e continuam a circular
sem restrições no grupo da Academia Solanense de Letras, onde, segundo o autor,
são bem acolhidos. “Cada um tem sua forma de perceber, interpretar e se
relacionar com o mundo. Vida que segue”, conclui Mozart, com a serenidade de
quem sabe que cultura também se faz com irreverência, crítica e liberdade.
A situação levanta uma reflexão pertinente:
até que ponto entidades culturais devem regular o que é ou não apropriado em
seus canais de comunicação? E, mais importante, quem define o que é cultura
relevante?
A liberdade de expressão é um dos pilares da
criação artística — e sua restrição, ainda que disfarçada de curadoria, merece
sempre ser questionada.
Texto de Sérgio Ricardo Santos
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