quarta-feira, 27 de março de 2019

Achado de cemitério indígena em Itabaiana completa 130 anos



Em fins do século XIX no município de Itabaiana, na região da caatinga litorânea do Estado, por volta do ano de 1899, por ocasião da abertura de alicerces para construção de casas residenciais na localidade de Alto dos Currais, foram encontrados diversos potes de barro contendo ossadas humanas. No entanto, no período não se deu importância ao achado. Vinte anos após, os pesquisadores do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano foram até o município e constataram tratar-se de um cemitério pré-histórico. Uma segunda equipe do IHGP voltou no ano seguinte, 1911, formada por João Carneiro Monteiro, Isaac Leitão Pinto, Heráclito Cavalcanti e Edmundo Coelho Alverga para realizar estudos no cemitério. O cemitério encontrava-se em um pequeno monte próximo à margem direita do rio Paraíba, onde eram abundantes os fragmentos de cerâmica de paredes grossas e davam a impressão de uma certa disposição em semi-círculo.
A escavação realizada pela equipe revelou que o cemitério abrangia 10m2 da porção norte da elevação e, nela, havia inúmeras urnas funerárias cujo interior continham esqueletos humanos que se desfaziam em pó durante a exumação, segundo o relatório dos pesquisadores tratava-se de restos mortais de indígenas da nação Tupi.
Pelas descrições da cerâmica fúnebre de Itabaiana, consideradas de paredes grossas, sem decoração e apresentando chãos de cacos, pode-se deduzir filiação à cultura da tradição Aratu, com modificações regionais, e pode estar relacionadas com os achados da Pedra do Caboclo, em Bom Jardim-PE, escavado pelo arqueólogo francês Armand Laroche na década de 1970 e pelas sepulturas exumadas pelo pesquisador Leon Clerot na Serra da Margarida em 1948, no atual município paraibano de Salgado de São Félix.

A União - 27/03/2019

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