sábado, 12 de setembro de 2015

Espetáculo teatral tem apresentação em Pilar neste fim de semana

O espetáculo Solo de Marajó, da companhia paraense Usina Contemporânea de Teatro, será apresentado neste sábado (12), no Centro Cultural Piollin, a partir das 20h, com o ator Cláudio Barros (foto). No domingo (13), a performance acontece na Fundação Menino do Engenho, na cidade de Pilar, também às 20h. Criada a partir do livro Marajó, do escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909-1979), a peça é contemplada pelo Prêmio Myriam Muniz 2014, da Fundação Nacional das Artes (Funarte). Todas as apresentações são gratuitas.

A turnê nordestina de Solo de Marajó começou no mês passado, na cidade baiana de Itabuna, terra natal de Jorge Amado. Em seguida, passou por Salvador e seguiu para Alagoas, com apresentações em Quebrangulo, onde nasceu Graciliano Ramos, e Maceió. Com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), passa pela Paraíba antes de seguir para o Ceará de Rachel de Queiroz (Fortaleza e Quixadá) e o Rio Grande do Sul de Érico Veríssimo (Porto Alegre e Cruz Alta).
Inspirado na prosa dalcidiana, ‘Solo de Marajó’ estreou em 2009. O espetáculo foi criado especialmente para celebrar o centenário de nascimento do autor, e apresentado na programação da Feira Panamazônica do Livro, realizada anualmente em Belém. Sozinho sobre o palco nu, o ator Claudio Barros conta oito histórias extraídas de Marajó. Ao utilizar o corpo e a voz para construir imagens, a atuação estimula a imaginação do espectador, convidando-o a povoar o espaço vazio com a memória de pessoas e lugares.

Os temas das narrativas vão desde questões de cunho social, como racismo, exploração do trabalho, tráfico de crianças e prostituição, até o universo íntimo das relações amorosas, recheadas de paixão, dor, solidão, ciúme e vingança. Esta visão levou os criadores a uma dramaturgia que não se preocupa em dar conta da fábula romanesca, mas acaba por construir um mosaico capaz de representar as relações humanas na Amazônia.
A montagem da peça dá continuidade à pesquisa do grupo Usina sobre o ator como narrador. As fontes para esta criação foram a observação do comportamento cotidiano dos habitantes de Ponta de Pedras, onde se passa o romance, e histórias de vida do próprio atuante.
Além das fronteiras do Pará – Dalcídio Jurandir é natural de Ponta de Pedras, na Ilha de Marajó, no Pará. Embora seja praticamente desconhecido pelo grande público, é autor da saga Extremo Norte, que reúne dez romances publicados entre 1941 e 1978 (além destes escreveu Linha do Parque, de temática proletária, publicado no Rio Grande do Sul e na Rússia). Trata-se de um dos maiores testemunhos literários sobre o modo de vida do homem que habita pequenos povoados na Amazônia.
Sobre o autor – Nascido na vila de Ponta de Pedras, na Ilha de Marajó, em 10 de janeiro de 1909, Dalcídio Jurandir Ramos Pereira foi jornalista e escritor. Passou a infância no município vizinho de Cachoeira do Arari e logo depois mudou-se para Belém. Foi para o Rio de Janeiro pela primeira vez em 1928, com apenas 19 anos. Ainda voltou ao Pará algumas vezes mas viveu no Rio até morrer, no dia 16 de junho de 1979.




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