O espetáculo
Solo de Marajó, da companhia paraense Usina Contemporânea de Teatro, será
apresentado neste sábado (12), no Centro Cultural Piollin, a partir das 20h,
com o ator Cláudio Barros (foto). No domingo (13), a performance acontece na
Fundação Menino do Engenho, na cidade de Pilar, também às 20h. Criada a partir
do livro Marajó, do
escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909-1979), a peça é contemplada pelo
Prêmio Myriam Muniz 2014, da Fundação Nacional das Artes (Funarte). Todas as
apresentações são gratuitas.
A turnê nordestina de Solo de Marajó começou no mês passado, na
cidade baiana de Itabuna, terra natal de Jorge Amado. Em seguida, passou por
Salvador e seguiu para Alagoas, com apresentações em Quebrangulo, onde nasceu
Graciliano Ramos, e Maceió. Com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura
(Secult), passa pela Paraíba antes de seguir para o Ceará de Rachel de Queiroz
(Fortaleza e Quixadá) e o Rio Grande do Sul de Érico Veríssimo (Porto Alegre e
Cruz Alta).
Inspirado
na prosa dalcidiana, ‘Solo de Marajó’ estreou em 2009. O espetáculo foi criado
especialmente para celebrar o centenário de nascimento do autor, e apresentado
na programação da Feira Panamazônica do Livro, realizada anualmente em Belém. Sozinho
sobre o palco nu, o ator Claudio Barros conta oito histórias extraídas de Marajó. Ao utilizar o corpo e a voz para construir
imagens, a atuação estimula a imaginação do espectador, convidando-o a povoar o
espaço vazio com a memória de pessoas e lugares.
Os temas das narrativas vão desde questões de cunho social, como
racismo, exploração do trabalho, tráfico de crianças e prostituição, até o
universo íntimo das relações amorosas, recheadas de paixão, dor, solidão, ciúme
e vingança. Esta visão levou os criadores a uma dramaturgia que não se preocupa
em dar conta da fábula romanesca, mas acaba por construir um mosaico capaz de
representar as relações humanas na Amazônia.
A montagem da peça dá continuidade à pesquisa do grupo Usina sobre
o ator como narrador. As fontes para esta criação foram a observação do
comportamento cotidiano dos habitantes de Ponta de Pedras, onde se passa o
romance, e histórias de vida do próprio atuante.
Além
das fronteiras do Pará – Dalcídio Jurandir é natural de
Ponta de Pedras, na Ilha de Marajó, no Pará. Embora seja praticamente
desconhecido pelo grande público, é autor da saga Extremo Norte, que reúne dez
romances publicados entre 1941 e 1978 (além destes escreveu Linha do Parque, de temática proletária, publicado no Rio
Grande do Sul e na Rússia). Trata-se de um dos maiores testemunhos literários
sobre o modo de vida do homem que habita pequenos povoados na Amazônia.
Sobre o autor – Nascido na vila de Ponta de Pedras, na Ilha de
Marajó, em 10 de janeiro de 1909, Dalcídio Jurandir Ramos Pereira foi
jornalista e escritor. Passou a infância no município vizinho de Cachoeira do
Arari e logo depois mudou-se para Belém. Foi para o Rio de Janeiro pela
primeira vez em 1928, com apenas 19 anos. Ainda voltou ao Pará algumas vezes
mas viveu no Rio até morrer, no dia 16 de junho de 1979.
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