A
Conselheira Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente em Itabaiana,
Débora Lins, afirmou em entrevista exclusiva para Tribuna do Vale que não vê
nenhum problema na venda de rifas por parte de estudantes, seja de escolas
públicas ou particulares. “Desde que a venda seja feita por espontânea vontade
do aluno, acho que não há nenhuma restrição”, disse ela.
O tema foi
levantado na semana passada pelas redes sociais, com a publicação de reclamação
de pai de aluno do Colégio Nossa Senhora da Conceição, queixando-se de que sua
filha teve que levar para casa um talão de rifas de São João, com a promessa de
ganhar três pontos nas matérias escolares após a comercialização do sorteio.
“Sou evangélico, não acho que seja correto entregar rifas para crianças e
adolescentes venderem, tive que comprar todas as rifas para evitar que minha
filha sofresse qualquer tipo de constrangimento, até mesmo entre colegas e
professores”, disse ele.
Em nota, a
direção do Colégio informa que a instituição tem 62 anos de atuação na cidade
“com reputação intocável na formação dos jovens e na defesa dos valores morais
e éticos”, e que a venda das rifas se enquadra nas atividades extraclasse. No
caso, as rifas seriam destinadas à festa junina, “para manter as tradições
culturais”, e os alunos não são obrigados a participar. “A venda da rifa
corresponde à entrada na festa e não tem nada relacionado com venda coercitiva”,
informa a nota. Após a repercussão, o Colégio resolveu suspender as vendas do
sorteio junino.
POLÊMICA
Venda de
rifas por crianças e adolescentes tem sido tema muito discutido no país, após a
entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescentes. Em diversas câmaras
de vereadores e assembleias legislativas já foram aprovadas leis proibindo essa
prática.
No Paraná, a
vereadora Inês Galera apresentou na Câmara de Vereadores de Rio Bonito do
Iguaçu um projeto de lei proibindo que alunos da rede municipal de ensino
vendam rifa. Conforme a vereadora, a ideia surgiu a partir de uma palestra
sobre pedofilia, ministrada pela sargento Tânia Guerreiro, em Laranjeiras do
Sul. “Foram demonstradas situações de perigo que os alunos passaram vendendo
rifas e afins nas casas. Agressões, insultos, estupro e até morte já
aconteceram. É medida de prevenção evitar que os alunos abordem adultos nas
ruas, residências e comércio para vendas, podendo sofrer sérias agressões”,
justificou a vereadora.
Em Santa
Catarina, os deputados aprovaram Projeto de Lei em 2012, de autoria de Silvio
Dreveck (PP), proibindo a venda de rifas e afins por crianças e adolescentes.
De acordo com o propositor do projeto, a condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento confere às crianças e adolescentes proteção preferencial, sendo
dever do Estado assegurar-lhes todos os direitos, inclusive o direito à
dignidade.
Para uma
corrente de defensores dos direitos infantis, o Estatuto da Criança e
Adolescente trata do dever de velar pela dignidade, evitando tratamento
vexatório ou constrangedor à criança e ao adolescente; proibindo o trabalho
infantil e prevenção da ameaça ou violação dos direitos da criança e do
adolescente.
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