quarta-feira, 7 de maio de 2014

Cidades do vale do Paraíba têm saneamento básico deficiente, de acordo com dados do Ministério da Saúde



Afluente do rio Paraíba, o Canal Treze de Maio, em Itabaiana (PB),
recebe esgotos domésticos sem tratamento. Município praticamente não tem rede de esgotos


As cidades de Itabaiana, Pilar, Juripiranga, Salgado de São Félix, São José dos Ramos e São Miguel de Taipu não são bem contempladas com sistema de coleta e tratamento de esgoto, segundo constatou o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) do Ministério da Saúde, baseados em informações das equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, que fazem o cadastramento das famílias e identificam a situação de saneamento e moradia.

Na cidade de São José dos Ramos, apenas 0,2% dos moradores são atendidos por coleta e tratamento de esgoto adequados. O percentual maior foi encontrado em São Miguel de Taipu, com 24,3%. Em Itabaiana, só 21% da cidade tem esgotamento sanitário.

Os indicadores de domicílios com esgotos por fossas apresentam números maiores também na cidade de São José dos Ramos, com 96%, quase a totalidade dos domicílios. Em São Miguel de Taipu é onde se verifica o menor indicador de fossas, com 44,6%. Em Itabaiana, esse número é de 69,%.

Esgoto a céu aberto apresenta um maior percentual em São Miguel de Taipu, com 31,1%, enquanto que na cidade de São José dos Ramos chega a 3,8%, a menor incidência. Na cidade de Itabaiana, 9,% dos domicílios utilizam esgoto a céu aberto.
De acordo com o estudo, a ausência de esgotos sanitários domiciliares ainda é uma realidade na vida da maioria dos habitantes dessas cidades. Em contrapartida, o município de Caaporã, na Zona da Mata paraibana, está prestes a ser o primeiro 100% saneado no Estado da Paraíba. Até dezembro, a Prefeitura espera concluir as obras de saneamento, que acontecem a partir de convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

LIXO

De acordo com a mesma pesquisa, 74,9% da população de Itabaiana tem seu lixo domiciliar coletado pela Prefeitura, percentual quase idêntico à média nacional que é de 79,6%. Em contrapartida, 19% das famílias enterram ou queimam o lixo domiciliar e 6,1% acumulam o lixo a céu aberto.

A Prefeitura de Itabaiana reservou dotação orçamentária de 16 mil reais na Lei de Diretrizes Orçamentárias para implantação e manutenção da coleta seletiva e solidária de resíduos. Através da Coleta Seletiva pode-se separar os materiais recicláveis dos não recicláveis. Isso quer dizer que uma parte do lixo pode ser reaproveitada, deixando de constituir uma fonte de degradação para o meio ambiente e tornando-se uma solução econômica e social, passando a gerar empregos e lucro.

PREJUÍZOS À SAÚDE E ECONOMIA

A falta de investimento em saneamento básico na Paraíba causou internações hospitalares desnecessárias, interferiu no desempenho escolar e ainda gerou prejuízos à economia e ao turismo. Foi o que apontou a pesquisa 'Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Básico', divulgada pelo Instituto Trata Brasil, uma organização não governamental que atua na área sanitária.

De acordo com o estudo, na Paraíba, no ano passado, 12.517 pessoas foram internadas após apresentarem problemas de saúde relacionados à falta de saneamento básico. Deste total de procedimentos, 2.518 poderiam ter sido evitados, caso o Estado tivesse melhores condições de infraestrutura sanitária.

O motivo é que o Estado ainda oferece com deficiência serviços considerados essenciais para a população. Segundo a pesquisa do Trata Brasil, 383.067 domicílios paraibanos não têm acesso à água tratada, enquanto que outros 948.149 são desprovidos de esgotamento sanitário. Além de causar internações hospitalares, a ausência do saneamento também provocou prejuízos à economia. Os pesquisadores explicaram que a falta de tratamento da água e do esgoto eleva principalmente o número de casos de diarreia entre a população.



CIDADE
REDE DE ESGOTO
FOSSA
ESGOTO A CÉU ABERTO
ITABAIANA
21
69,7
9,4
JURIPIRANGA
2,3
88,7
9,0
PILAR
5,1
89,8
5,2
SÃO JOSÉ DOS RAMOS
0,2
96
3,8
SÃO MIGUEL DE TAIPU
24,3
44,6
31,1
SALGADO DE SÃO FÉLIX
1,2
83,9
14,9


São José dos Ramos é a cidade menos saneada da região e São Miguel de Taipu tem maior porcentagem de esgoto a céu aberto, conforme a pesquisa. Pilar apresenta maior número de domicílios com fossas sépticas e Itabaiana é a cidade onde estão instalados mais esgotos sanitários.


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