Assis Firmino entrevistado no programa "Alô comunidade", Rádio Tabajara da Paraíba |
O Diretor de Cultura de Mari, Assis Firmino, afirmou
que uma de suas metas será a criação do “palco do brega”, uma espécie de mostra
permanente de música brega na cidade. “Sou bregueiro assumido e brega é
cultura”, disse Firmino. A declaração foi feita sábado (19), durante entrevista
no programa Alô Comunidade, da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares,
transmitido pela Rádio Tabajara da Paraíba.
Firmino acusou ainda o seu antecessor na Diretoria de
Cultura da cidade de ter sucateado a Banda Marcial Gil Camilo. “Encontrei
instrumentos quebrados e um quadro de abandono”, disse ele, garantindo que o
prefeito eleito, Marcos Martins, “dará respostas às demandas da
população”. Assis Firmino lançou um
desafio: “daqui a seis meses vou voltar a este programa como Secretário de
Cultura, porque tenho certeza de que o prefeito Marcos criará esta secretaria”.
Assis informou ainda que está realizando mapeamento de todos os artistas da
cidade, num esforço para resgatar a autoestima dos produtores culturais e
“recuperar o tempo perdido”.
O Diretor de Cultura de Mari é um rapaz de poucas
letras, mas atuante como porta-voz de grupos políticos nas emissoras de rádio
da região. “Marcos me ofereceu a assessoria de comunicação, mas eu preferi a
Cultura porque quero fazer uma revolução cultural em Mari”, afirmou. No Brasil,
a exigência de boa formação cultural para os líderes políticos não é tão
implacável, haja vista o ex-presidente Lula, sem quase nenhuma formação
escolar, detentor de dois mandatos consecutivos. Na Câmara Federal temos
deputados como o humorista Tiririca, sem educação formal. Portanto, um diretor
de cultura que não frequentou muito a escola não é coisa de se admirar.
CRÍTICAS
O gosto pessoal do diretor Assis Firmino pela música
brega, projeto que será marca de sua gestão na Diretoria de Cultura de Mari,
como afirmou na entrevista, acarretou controvérsias. Para o ouvinte João de
Deus, uma diretoria de cultura de uma cidade deveria promover a diversidade
musical, e não priorizar determinado estilo de música “só porque é a
preferência pessoal do gestor público”.
O crítico musical Alexandre Figueiredo garante que os
defensores do brega-popularesco podem ser apolíticos, como os próprios artistas
“mas a música brega e todos os seus derivados têm uma base de apoio que
corresponde à estrutura política e econômica dominante. Sem ela, o brega não
teria sentido, não teria feito sucesso e, sem sucesso, não teria qualquer
desculpa para políticos defenderem os cafonas”. Para Figueiredo, “como música
estritamente mercantilista - comercial, com todas as letras, a música
brega-popularesca quer ampliar mercados e demandas, atropelando a cultura
brasileira de qualidade”. Na Paraíba, é conhecido o ex-prefeito de Areia, agora
deputado Tião Gomes, famoso por promover festivais de cachaça e música brega em
sua cidade, uma das mais antigas do Estado.
“A música brega-popularesca tornou-se uma grande
indústria, que enriquece empresários, fazendeiros, políticos. A grande mídia
cria um discurso que vende o universo brega como se fosse ‘cultura dos
excluídos’, para não assustar a freguesia e para ver se dá para expandir
mercados. Nada de arte, nada de cultura, nada de ‘injustiçados’ querendo
espaço. A cafonice é patrimônio dos donos do poder”, afirmou Alexandre
Figueiredo.
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