O Secretário de Agricultura de Pilar, José Roberto de
Almeida Filho (foto), é exemplo concreto da situação de emergência em que se encontra
seu Município. Na sua fazenda, o gado está morrendo e as medidas tomadas pelo
Governo, segundo ele, são apenas paliativas, não atendendo ás reais
necessidades do produtor rural da região. “O milho distribuído pelo governo,
por exemplo, para a ração do gado, vem diminuindo. Eu recebia uma cota de 5.800
quilos e atualmente só recebo 1.500”, lamenta-se o Secretário. Ele afirmou que
pouco pode fazer através de sua pasta, da qual é titular pela segunda vez
consecutiva. “Dependemos dos governos do Estado e Federal, ficamos impotentes
diante dessa seca verde”, disse o Secretário. Ele teme que a região entre num
colapso total em pouco tempo, por falta de ração para o gado, sem pasto e sem
água. “Só em medicação já gastei quase vinte mil reais, já perdi 30 cabeças de
gado e a situação tende a piorar, imagine os demais produtores que, como eu,
investem no trabalho constante de
seleção genética, inseminação artificial no intuito de melhoramento genético do
nosso rebanho, simplesmente têm seu rebanho dizimado e todo trabalho perdido”,
constata José Roberto.
Ele culpa o Estado e a União pela situação econômica e
social por que passa Pilar e região. “O Governo do Estado vem negligenciando o
programa do leite, e o produto vem se desvalorizando. Sou produtor de lei há
dezoito anos, sei do prejuízo que estou sofrendo”, afirmou. Em Pilar,
funcionavam três fábricas processadoras e beneficentes de derivados do leite, e
atualmente apenas uma ainda está em operação. Segundo o Secretário José
Roberto, as empresas conveniadas com o Governo do Estado no programa do leite, distribuidoras
do produto em Pilar e região, tiveram seus contratos cancelados em vista de
alegadas irregularidades na FAC. “Não se comprovou nada, ninguém foi indiciado
e logo em seguida o programa voltou a funcionar, mas Pilar ficou de fora, não
sei se por motivos político,” afirmou.
Quanto à distribuição de milho cedido pelo Governo
Federal, José Roberto contestou as informações oficiais de que já está sendo
distribuído. Ele disse que, do estoque prometido pela Presidenta Dilma, de
dezesseis mil toneladas de milho que chegaria no porto de Cabedelo, não chegou
nem um grão. “O porto não tem capacidade para receber o navio, por isso a
Paraíba não recebeu a carga, enquanto Piauí e Pernambuco já estão distribuindo.
Na Paraíba, querem passar na mídia a falsa informação de que está sendo feita
esta distribuição, mas afirmo que é mentira, pois o gado continua passando fome
e as ações governamentais não chegam ao produtor rural”, denuncia ele.
O Secretário denunciou outro órgão que considera mais
um vilão na tragédia da seca que atinge a Paraíba, principalmente a região de
Pilar. É o Banco do Nordeste que, segundo ele, castiga o agricultor e produtor
rural. A presidenta Dilma afirmou que tem três milhões de reais no Banco do Nordeste
para ajudar o agricultor, mas que, devido a questões burocráticas, não tá
chegando a quem de fato precisa. “O Banco do Nordeste está cobrando honorários para
pagar advogados que os agricultores não contrataram e que não têm condições de
pagar, o que considero muitograve”, denunciou ele.
Em Pilar, a Secretária de Agricultura, juntamente com o Conselho da Agricultura,
entrou com ação judicial, tendo o Juíz da Comarca concedido parecer
favorável, estabelecendo 5 anos de
carência para pagamento das dívidas dos agricultores com o Banco do Nordeste,
desobrigando os clientes de pagar honorários ao banco, por comprovada incapacidade
financeira devido aos prejuízos na lavoura e criação, ficando isentos da
quitação do débito.
“O Banco tenta distorcer, fazendo pressão sobre o pobre agricultor”, denunciou
o Secretário, citando o gerente Cláudio Sérgio, da agência do BNB de Sapé, como
um dos que constrangem moralmente os agricultores em débito com a instituição
financeira.
José Roberto terminou a entrevista pedindo mais união
dos políticos locais para ajudar ao homem do campo nessa situação grave em que
se encontra. Para ele, não é só Pilar, mas Juripiranga, Salgado de São Félix,
São Miguel de Taipu e Itabaiana estão sofrendo com os mesmos problemas. “Peço
aos representantes dessas cidades para que reivindiquem do Governo federal e
estadual, a exemplo da deputada Daniela Ribeiro que vem fazendo o possível para
alertar e evidenciar a tragédia que se abate sobre o campo, mas uma andorinha
só não faz verão”, constata ele. Ao governador Ricardo Coutinho, elepede que
“se sensibilize e construa mais ações emergenciais quem possam amenizar os problemas de extrema gravidade
para a economia e a sobrevivência dos nossos munícipes”.
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Bezerro procura as tetas da vaca morta, na fazenda do Secretário de Agricultura de Pilar
(Foto e reportagem: Evanio Teixeira) |